17 de jul. de 2008

Chegada distante

Querida,

Chegamos bem, por aqui está tudo ótimo, apesar de ainda bagunçado. Natural, afinal com tudo o que trouxemos ainda iremos demorar um tempo razoável para organizar tudo.
Confesso que a maior bagunça está em meu coração, que trouxe tantas recordações daí.
Sei que não será fácil conviver com a ausência.
O que é pior: a certeza da ausência, já que sei que não esbarrei com ninguém por aqui, nenhum rosto conhecido.
Meu coração aperta quando penso nisso.
Não, não amiga, não vou chorar.
Tantas lembranças também me fazem sorrir.

Um beijo grande de sua amiga (distante só em quilômetros)

29 de mar. de 2008

O que eu também não entendo

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo


Amar não é ter que ter sempre certeza
É aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém
É poder ser você mesmo e não precisar fingir
É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir


Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito mas com você eu posso ser
Até eu mesmo que você vai entender

Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Agora o que vamos fazer, eu também não sei
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
Estou aprendendo também

Composição: Fernanda Mello e Rogério Flausino

25 de mar. de 2008

As cartas que eu não mando



Rio de Janeiro
Hoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você

Eu reformei a casa
Você nem soube disso
Nem das outras coisas
Sabe eu tive um filho
Já faz tempo que eu me perdi de você

Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto

Vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São histórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você

Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você

E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós

Autor: Leoni

5 de mar. de 2008

Notícias suas

Querido ...

Que bom receber notícias suas!
Melhor ainda saber que está tão bem, que levou adiante seus projetos, que eles estão se realizando e que já não há mágoas. Nunca quis te fazer mal.

Fico orgulhosa por você e, sinceramente, feliz por suas conquistas.
Se dependesse de mim iria querer ver todos assim, com garra para lutar por seus sonhos e sem muito tempo para lamentar o que passou. Afinal, já passou né? E quem disse que não foi bom? Só não precisava ser eterno.

Este desejo também se estende a mim, claro! Aprendemos muito juntos, crescemos juntos.
Fizemos nossas escolhas. Nem sempre as melhores, mas foram as que pareceram melhores (ou mais fáceis) naquele instante. Por isso, não existem culpados.

Importante mesmo é nos orgulharmos de quem somos e continuarmos em nossos caminhos, que um dia se encontraram e, que hoje, seguem independentes, mas com um passado em comum.

Um abraço da amiga de sempre
.

4 de mar. de 2008

Cartas para depois que eu for (I)

Sempre pensei em como seria depois que eu morresse e fossem mexer nos meus objetos - para matar saudade e jogar fora tantas tralhas que guardo. Será que achariam graça ou iriam ficar surpresos (ou até mesmo chateados)?

Não guardo nada tão importante, mas com certeza algumas coisas seriam impactantes para algumas pessoas. Por isso, pensei em deixar junto com elas uma carta explicando coisas talvez inexplicáveis.

Já pensou em escrever uma carta para cada pessoa que foi (ou ainda é) especial para você? Uma carta onde você estivesse livre para escrever o que quisesse, já que não estaria mais aqui ao ser lida?

Pensei nisso e em quem seriam essas pessoas. Difícil elencá-las de uma só vez. Aos poucos novos nomes aparecerão, com toda certeza.

Mas de qualquer forma escolhi começar por você. Afinal, ninguém é mais importante para mim.

Mãe, se você está lendo esta carta é porque eu "fui" antes, o que certamente está causando-lhe imensurável dor. Sempre tive medo em imaginar o dia que você fosse, mas imaginava que eu precisaria passar por isso para que você não passasse. Sinto muito que não tenha sido assim.

Peço desculpas por todas as vezes que não tive a paciência que você merecia, e também por todas as vezes que deixei de dizer o quanto te amava, apesar de ter certeza que você sabe do meu amor imenso.

Agradeço por tudo que fez por mim e por tudo que enfrentou e até mesmo por aquilo que abdicou. Poucas pessoas podem ter se sentido tão amadas pela mãe como eu e a minha irmã. Você é maravilhosa!

Quero pedir que depois do choro, inevitável, volte a sorrir, a fazer as coisas que gostávamos. Vá à piscina, curta a natureza, relaxe. Assista a filmes, seriados, novelas, viva sem remorso, sem se sentir culpada por eu não estar aí. Não duvide nunca que me fez muito feliz e que sou muito grata por tudo o que me deu e por tudo que conquistei, que sem você não seria possível.

Se não quiser guardar minhas coisas não irei me importar, mas peço que tente encontrar pessoas que possam aproveitá-las. Dê, por exemplo, os livros para quem vá lê-los. As cartas para quem as escreveu (ou para quem eram os destinatários, já que escrevi tantas vezes sem enviá-las). Escolha alguns objetos para guardar numa caixa para de vez em quando matar saudades de mim. Esta caixa também poderá servir para outras pessoas, depende do que guardará nela.

Talvez eu até faça uma caixa enquanto tiver tempo. Lembra que falei em juntar várias coisas para fazer um "museu"(rs). Pois é, de repente eu deixo lá dentro as cartas (essa e as que pretendo escrever). Talvez seja um bom lugar para deixar recordações das pessoas que amo. Quem sabe essas pessoas depois até queiram os objetos? Poderia ser uma forma delicada de agradecê-los por tudo que representaram para mim.

Bem, uma carta para você não poderia ser escrita de uma só vez. Nem mesmo poderia ser uma só carta.

Temporariamente termino por aqui, com a esperança de que ainda terei tempo para escrever mais, para você e para as demais pessoas que entrarão na minha lista.

Um beijo muito especial e com muito amor,

Sua filha

12 de fev. de 2008

Cartão de ano novo


Hoje me senti ridícula. Tão ridícula que quase tive vergonha de escrever.

Como eu poderia, depois de tantos anos e experiências acumuladas, acreditar em nós dois juntos dessa forma?

Eu sei que escrevi aquela outra carta que era para ser de despedida e que acabou não sendo justamente por eu acreditar em nós.

Mas aí, de repente, me pego enviando para você um cartão virtual desejando feliz ano novo. E reconheço que o fiz para ver se você lembrava de mim, de me ligar, de mandar notícias, um sinal de fumaça já seria um consolo.

Mas eu queria mais. Sinceramente, queria que você tivesse me ligado para agradecer "pessoalmente" o meu cartão, a minha lembrança (como se ela já não fosse uma companheira de anos). No entanto, de uma forma um tanto quanto sem graça, recebo uma mensagem onde agradece os meus cartões (é, acabei enviando dois com o mesmo texto, tamanha era minha loucura). Limitou-se a desejar-me um feliz ano novo e mandar "beijos".

E "aquele" reencontro que estávamos tentando marcar? O que aconteceu? E a ausência de computador na sua casa (só conseguia ver suas mensagens no trabalho e hoje é feriado mundial!!!)? Será que já comprou um? De repente foi seu presente de Natal. Ou será que está visitando sua mãe onde (imagino) tem computador?

Já nem sei mais de onde tanto tiro tantas idéias para ficar fantasiando sobre você, se parece que vem um balde de água fria que tento desviar para permanecer sã(?).

Afinal, o que você quer? Por que me disse todas aquelas coisas? Por que me telefonou? Talvez eu devesse me perguntar também porque eu não te telefonei quando me deu os números do seu trabalho e do seu celular. Acho que tive medo de não saber o que dizer e, como resultado, fiquei insegura esperando uma notícia sua, que de tão demorada me fez enviar DOIS cartões virtuais. Eu queria ter certeza de que receberia uma confirmação por email quando o cartão fosse visualizado por você. Pois é, recebi confirmações dos dois cartões e a sua resposta de agradecimento, que confesso, achei meio seca.

Esperava mais, como parece que tenho feito sempre.

Na verdade queria que tivesse me chamado para sair. Estou louca de vontade de te encontrar e descobrir de vez o que sinto por você.

E aí, vamos nos encontrar?

O que ainda sinto e o que você sente


Fiquei aguardando notícia sua, uma resposta a minha carta, mas até agora nada.

Sinceramente, esta não é a carta que eu gostaria de estar escrevendo, mas é a que acho que quer receber. Entendi seu recado, o que foi dado pela sua omissão, pela sua covardia.

Claro que não estávamos obrigados a nos reencontrar. Natural que tenha sentido dúvida e até mesmo insegurança. Eu senti (e inúmeras vezes). Só não posso aceitar seu sumiço, porque isto realmente parece-me cruel. Afinal, você me conhece bem e sabe que estaria te esperando, como estou, ansiosamente.

Certa vez te ouvi dizer que não queria me machucar, que tinha medo de me ferir e, que por isso, não poderia assumir uma relação comigo. Na época achei meigo. Depois fiquei pensando que poderia ser simplesmente uma bela desculpa para cair fora, sair comigo sem compromisso.

Em um certo momento pensei também que poderia ter sido culpa minha a sua "desculpa", já que eu estava com a aliança no dedo e não fui clara em dizer que aquela relação já havia acabado e que só não havia caído fora por inércia (e medo). Não deixei claro o quanto você era importante para mim. E nem sei se hoje você tem idéia.

Fico agora pensando em quantas oportunidades tivemos e quantas vezes não fomos totalmente honestos em dizer o que sentíamos e como isso pode ter causado angústias desnecessárias em nós dois.

Por isso queria tanto te rever. Descobrir o que ainda sinto ou o que talvez apenas ache que sinto. E o que você sente.

Claro que também queria saber como você está, ver seu rosto, seu corpo, suas mãos, seu sorriso (que me faz sorrir só de lembrar)...

Tenho curiosidade ao imaginá-lo após tantos anos. Será que mudou muito? Será que o jeito é o mesmo? Será que ainda gostaria de compartilhar minha vida com a sua?

Pois é, são tantas dúvidas que ficarão no ar porque você não respondeu minha carta...

Será que imaginei tudo? Acho que não. Afinal, não fui apenas eu que escrevi, também recebi respostas suas. Cartas às vezes um pouco secas e objetivas demais e outras carinhosas, com promessas implícitas (será que só eu souber ler as entrelinhas?) de que estamos ligados verdadeira e eternamente.

Sei lá, esta deveria ter sido uma carta de despedida, mas conforme fui escrevendo percebi que ainda não estou pronta para tirar você da minha vida.

Assim, fica sendo mais uma carta, na esperança de sua resposta.

Beijo,

Você fica linda dormindo


Bom dia Meu Amor!

Não quis te acordar tão cedo e por isso deixo este bilhete.

Desculpe-me pela viagem em data tão imprópria, mas os motivos, como sabe, são nobres e estão além do meu querer.Levo você comigo: na nossa foto que não sai da minha carteira, na sua voz gravada no meu aparelho portátil, nas anotações que fez para mim com indicações de compromissos e horários e, principalmente, no meu coração.

Te amo!

Seu amor


Ps. Espero que tenha sentido meu beijo de despedida, nem que seja em sonho. Você fica linda dormindo.